domingo, 18 de outubro de 2009



Sincronia


Calam
-se os lápis

Suspiro redobrado,

E aquela canção.

Vadios os boêmios,

Doces Cinderelas,

Divino fruto da ilusão,

Coroas açoitadas,

Espero.


E o próprio verso,

não respira mais.

sábado, 17 de outubro de 2009


Infelicitações


Orações ao anjo

Que me guarda de desânimo

Que seja feita

Cruel vontade

Tortuoso caminho

Diversos espinhos

Lacerados membros

Amém.

sábado, 26 de setembro de 2009



Fama

Estrelas de gente
De carne
De osso
De ouro.


Passarela deslize

Luzes alise

Poema,
Musicalize
.

Lua clarão

De neve ação

Câmera segue

Um bloco de leve

Corta.

domingo, 13 de setembro de 2009

Segundo Delírio


Sob a mais fria luz da aurora
Partiam-se os corações
Dilaceravam-se os sonhos
Pequenas emoções
Assim tão insensatas
Chamavam-me a atenção
Para o pequeno brilho dos lábios
Que tal locomotiva
Me bombardeia com ternura
Me livra do saber
Faz de mim maior amante
Joga-me no poço amargo
Desespera-me, ó vento uivante.

Avareza


Corredor da morte

Que me leva ao sofrer

Sentimento descontente

Desatina por fazer.

Desdenhe de minha mente

Musa assim

Tão simplesmente.

Tuas garras de marfim

Entrelaçam minha face.

Desafie a mim,

Aplaude a dor

Ceifa tua máscara,

Indecente.

Cartas


Faz-se grande artista
De pequenas emoções
Cultivam-se charmes
Mais deliroso espinho
O vicioso me atrai
Livrando-me desse ás
Mais extensas copas
Pois de paus fazem-se canoas
De espadas somos feitos.
Descubro o rei que em mim há
Despeço-me do que seduz
Ó, rainha do meu eu.

sábado, 12 de setembro de 2009

Apelo

Ó, doce brisa

Que afaga meu peito

Cobre-me de ternura,

Faça me agonizar

Deslize tortura

Por esta pele

Ressecada com a dor.

Por estes olhos

Passam ventos

De águas que passaram

Conforte-me.

Dos meus cabelos,

A poeira de tuas mãos

Levante-me deste tédio

Cubra-me de moral

Agilize meu morrer.

sábado, 29 de agosto de 2009

Escriba


Criando assim
De maneira tão simplista
O que me conforta hoje
Me abala talvez amanhã
Nem meu Cuba surrado.
Pelo tempo,
Teu hálito doce de erva.
Torne a escrever,
Me desespere.
Injete-me ânimo
Me entregue minha vida
Amor próprio?
E torno a calejar meus dedos
Com tolices.
Pontos,
Vírgula.

Atenção

Provindas do peito,

Vozes.

Mais livre delírio

Seduz-me ao vicioso.

Ó, complexa loucura

Lábios infames

Sentirdes insanos

Simples invictos,

Beijos insípidos.

Somente.

Mente.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Introdução ao delírio



E no meio da noite,
Apenas o eco de tua voz
Abalava minha mente.
O brilho dos teus olhos
Ofuscava meu pensar.
Seu sorriso,
Fechado.
Sinestesia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Semente


Tua lágrima, sozinha, inexpressiva,
Sobre teu triste rosto,
E caía, ó denso floco de algodão,
Olhar de mais limpa pena,
Os pombos da fonte.
Cobriam-te com brilhoso manto,
E seguiam...
Tua jornada, não se sabe.
Pelo infinito azul,
Espírito.


Duque

Vento



E os cachecóis,
Sujos, coloridos,
Voavam pelo quarto.
Vermelhos, de sangue.
Negros, de mágoa.
E a estante pingava,
A água morna.
Mãos tocavam
Opaco violão.
Show de sons, cores frias.
Desafino, expressões.
Grito.
E lá fora, a feira.
Sirenes, pulsos.

Cachaça


Bebo para fugir

Aos sonhos ruins.

Tomam meu dia.

Adentram meu peito,

E sangra.

Ao papagaio,

Livre por si só,

Rum.

À cascavel,

E palavras azedas,

Uísque.

A mim,

Cego e vão,

Tiro.


Locke

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sensações



Meu coração não é de ninguém,

Sou um homem da noite.

Vago por aí.

Meus sapatos já sem brilho.

E os felinos cautelosos,

Saúdo o luar.

Colho flores,

Lírios para damas.

Sou das ruas, sou de todos.


Duque

Arremate

Não sentia o amargo,
Do café.
Nem o caramelo,
Da tua boca.
Sentia somente
O não-ser,
Da neve.
Caía-me aos ombros
Gelava-me a face
Combinava-me
Ao dentro,
Rasgado por ti.

Efusão


Ali, pendente para correr,

O mais simples eu

Observava.

Estéril, lábil.

Ignóbeis os seres, ferrenhos,

Invictos.

Friamente me filmavam.

Com suas lentes de carne pura,

Olhares petulantes, irônicos.

O que, ao ver de tantos,

Era frugal,

Assemelhava-se,

À mais intrincada jornada,

Talvez...

Pela minha efemeridade

Por dons,

Que não possuía.

Enquanto homem,

Ali definhava

Mesmo diante da vivacidade

Da mais bela flor,

Que me acompanhava,

E que tocava meus lábios,

E aferrecia...


Giuseppe

Mascote

De olhos vermelhos,
De drogas,
De dor.
Pêlos brancos,
Espalhados na face suja.
Orelhas caídas,
Murchas pelo tempo,
Vestido em farrapos,
Indigente.

Locke

Brinde ao desajuste




Sou bom no que faço,
Humildade,
Pros fracos.
Aprecie assim
Meu bom vinho,
Dezoito anos.
Saúde para o corpo,
Veneno para a mente.

Embarace minhas palavras,
Dificulte meu saber
Apague minha chama
Bloqueie-me de crescer.
Faça-me seu escravo,
Faça tuas gotas ricochete,
Afogue-me,
Falsárias mágoas.
O cálice está vazio,
Torno ao desejo.

Giuseppe, primeiro pseudônimo

Sinestesia


E a fumaça que entremeia seus lábios,

Densa cortina,

Que mascara seu rosto,

Enigma.

Neve

Dedico estes versos amargos
Ao mais branco cadáver
Que repousa em meus frios pés.
Que juntos bebamos vinho
E cantemos dias de glória.
Que tua mão já sem carne,
Não me toque.
Que seus secos olhos,
Não me encarem.
Que suas palavras vazias,
Não me alcancem.

Assemelha-te

Hoje o dia é das andorinhas

E tua face aparecia, certeira,

Projetada nas asas.

De mariposas, tímidas,

Sensatas.

Então, som, ação, foco.

Lágrimas fugiam,

À cauda de atrevida raposa.

Sabor de coentro.

E aquela canção.

Não mais cantam na chuva.

Não mais gritam pela África,

Tampouco saúdam metrópoles.

Apenas são.

Setembro.

Um brinde à humanidade,

Progresso.

Aos sorrisos idosos, câmeras.

Às mãos criminosas, lâminas.

Por que não darmos vingança?

Sentai seus traseiros gordos

Perecei sob o luar.

Luzes armadas ocupam meu céu.

A noite é dos morcegos.

Alameda

E minha inspiração,
Era o vermelho nectarina
Que pulsava em minhas veias
E de certo modo,
Discreto,
Coloria minha face,
Tons purpúreos.
Bloqueavam as expressões
De horror, repulsa, medo.
E por fim,
Escorria,
Pelo anil de minhas roupas,
Através das marcas deixadas por ti.
Meu pescoço já não sente.
Faz da dor, refúgio,
E meus pensamentos
Não mais voam.
Meus olhos fixos,
No retrato já manchado com o tempo
E já não me traz boas lembranças.
O que foi,
Ilusão.

Cachecóis

Meu sangue é mestiço,
Meus cabelos, opacos.
Meu nariz aprecia seu perfume,
Meus olhos,
Te desejam.

Vêem aquarela,
Em atos impensados
Em desgostos perdoados,
Na brancura de sua face.

Me inspira ódio,
Me toma de paixão,
Adorna-me com medo,
Cobre-me de segurança.
Mascara-me com repulsa,
Me derruba em vaidade.

Affair

E seu olhar,

Castanho bélico,

Que me encara assim tão simplesmente,

Me cativa tão somente,

E sem pedir,

Invade meu Eu

E me torna assim tão bobo,

Tão sincero,

Chama ardente.

Tuas madeixas,

Nos ombros com tom de areia,

Areia que flui pelas mãos,

Tal fluidez

De meus sentimentos por ti.

E sua face,

Desconhecida,

Enigmática,

Me leva a falsas lembranças.

E ao delírio.