quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Ruas do Fuso



Os muros que construí
Me tornaram ainda mais obsoleto
Um ser de existência vaga
Composto de desapego.
E neste mundo de violência
Meus olhos são câmeras
Que não julgam aparência
Meus lábios são rádio
Em sintonia com o silêncio
E meu coração, que agora
Não bate, só chia,
É não mais que TV ligada
De tela vazia.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Supernova


Diziam-me tanto os outros,
Os que evitava por ser seu meu coração,
Ter meu beijo gosto suave de café
De fundo amargo e sem ternura
E sabia eu, eram memórias
De noites em claro que passei
Esperando você chegar.

E os dias de antigamente
Voltavam para me assombrar
Seu sorriso pálido de morte
Embrenhava-se em meu consciente
E afogado em mentiras
Precisava te encontrar.
Dissolvido em lembranças
Esperando o tempo passar.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Ode À Lua



Ah, Lua, iluminada de Sol
Agasalha-me com teus raios sólidos
Protege-me da brisa cruel dos morros
Liberta-me do vazio da noite
E que teu brilho pálido e sincero
Ainda que não verdadeiramente teu
Aqueça meu coração oco de amor
E às minhas pupilas serenas,
Que possa fazê-las descansar,
Vele meu sono frio de lápide
E o estupor do meu corpo inquieto por gozo.

Que eu nada tenha a temer
Dos fantasmas do passado
Que hoje ainda me procuram
Aos prantos e lamúrias
E que são a causa primeira
Das minhas angústias sem rumo e sem dono.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Ponto


contava as horas por pétalas do buquê que preparei
pelas lágrimas da vela quente de solidão
por cada movimento da dobra do forro pálido
que dançava na brisa morna de primavera
pelo relógio que jogava para cada vez mais longe
o encontro que não aconteceu.

e o escuro sufocante se tornava úmido
não se sabe se por chuva ou pranto.

sábado, 18 de junho de 2011

El Infierno de Mosquitos


Tentaram me obrigar a viver em mundo de cabresto,
Fui ser ave.
Pois sei que a asa do artista vai bem mais longe.

Asa conquistada não é dada.
Pássaro que voa, sabe mostrar garra.
Permiti-me ser coruja
escorado na minha amargura
longe nas coisas que não fui.

Abro agora minha própria gaiola e aprendo a dar rasante.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

ESTRANHO NO NINHO DOS LAGARTOS


Experimentando a amarga passividade do ontem
O passado de outrém
Ouça os sussurros de um diálogo que não é teu
E avança a tragédia que não aconteceu
É a corrida contra o tempo
Em veneno o pensamento
Faz pulsar tua veia de cosmos sem vida.
Vida ALIEN.

Aliene, Eliane, Aline.
Estes nomes que não conheço de cor
ESei apenas da nota que me grita e espalha ao redor
Desse mundo vazio de coisa.
Coisa distante. Ecoa.

quinta-feira, 21 de abril de 2011



Deixe Estar

Deixe estar, o amor na sua forma mais singela
Da maneira mais sincera, deixe estar.
Deixe estar, por tudo o que não foi, e tudo o que nunca será.
Das coisas mais bonitas, deixe estar as infinitas;
Da palavra mais doce, apenas o som da foice
que rasga coração.
Da memória, deixe estar apenas um sorriso, de um momento indeciso
em que percebeu, estava a amar.

Uma brisa triste, mais triste que tudo o que existe,
Faz soar os sinos do sentimento a ancorar.




terça-feira, 29 de março de 2011

Pestanejar


E na Avenida

O grito,
O eco,
O tiro,

Estilhaços da janela.

quinta-feira, 17 de março de 2011

AÇÃO

Massa,

Maçã,

Maça,

Amassa,

Assa.

TORTA DE MAÇÃ.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Valise

Idiossincrática opinião sobre o mundo
Tenho formada sobre quase nada
Mil elefantes mais pesam
Na minha taciturnidade.

Ao passo que nada vejo
tão longe do que nada sinto
O que se imagina é perfeito,
Mas nunca vem pelo caminho.

O corretivo vem em marchas
marcando o achado belo,
nessa sinfonia agonizante.
Mais vale uma canção na cabeça
Que uma mosca na sopa.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Do seu ombro amigo, provei o melhor.
Suas hortênsias ainda estão na janela
esperando por você;
Seu anjo vai vir buscar.
Dizem que a ida é apenas um retiro;
Assim espero.
Quando for abrir as portas, direi um até logo,
e um obrigado.
A dor existe pra nos lembrar do amor.
Amarre um lenço no pescoço, e siga,
certa de que nada deixou por fazer.

LUTO

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sutilezas


Passo os dias fazendo nada a não ser pensar. Não é solidão, não é tristeza, é só vazio. Acordo com os cabelos desgrenhados, durmo sem eles. Não é preocupação, não é estresse, é apenas velhice. A velhice da alma, que sorve meus sentidos e me leva à demência. Sou apenas mais um quadrado de linhas tortas esquecido em um canto do sótão de alguém.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Assim! Ples

Cada um cuidando da sua vida humirde
Ô to na contramão
Pra ti fazê um pidido simpris
Caranguejo esperto,
Pra modi vivê
Vi, joguei pra lá
Iemanjá me devolveu.
Disse que filho do má que se esconde num é seu.

E cada um cuidando do que lhe pertence,
Não acho direito, gente pobre maranhense.
Dô mais um sorriso, quero dividir cuntigo,
Tudo que eu tenho até a cama de estribo.

Rino até as oreia, e eu sei que é sem motivo,
Farta arroz no prato, mas num farta compromisso.

Fecho a boca pra sobrá
Prus pequeno o que comê
Mas continuo cheio de alegria de vivê.