sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O cíclico pesar do não-gostar


Odeio muitas pessoas.

Odeio quem diz que ama sem amar de verdade

Odeio quem diz que sente muito quando na verdade, nada sente,

Odeio quem odeia a chuva,

Odeio quem diz que o dia está cinzento sem ao menos olhar pela janela

Odeio quem tem medo do amanhã,

Quem lamenta pelo ontem,

Mas acima de todos, acho que odeio quem não sabe viver o hoje.


terça-feira, 13 de abril de 2010

Abalos a roubá-los

Sofri mais que devia, e pouco me resta. Do pouco que morro a cada dia, muito. Água, açúcar, o tédio da rotina. Não escrevo porque quero, tampouco porque me convém. Vivo porque não sei. Escrevo porque vivo. Da recíproca, extrai-se verdade. Do pranto que me engasga, o choro cortado. Obrigações me açoitam tão sutilmente, me tiram a vontade. Dessas correntes, mesmo que queira, improvável a libertação. Os poucos ao meu lado, tomado por um paradoxo eterno, Universo estranho.

sábado, 10 de abril de 2010

Bô e Mío




Falo o que penso,


Vivo do que quero


Tão maior que o intenso


Tenho noção do esmero.


As saídas de sábado à noite


Um véu que encobre em couteiro


Dos vários rostos de boite,


O esteiro.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Era


Sussurro,

O que vem das árvores,

Ocas.

Pessoas!

Vazias.

E nem a loucura presta contas

Com um update,

Sobreviva.

Maquinários corpos, emprestados,

Ao imoral, pensado.

Emoção, escorre sem ser usada.

O acúmulo,

A dor.

É cada um por si,

Round One, Fight!

Seja tolo o bastante,

Ouse, viva,

Esteja sempre morto.


Sigilo.

Morte aos sem loucura,


Lamento.


Por todos os sensíveis,


Palpável.


Sábios os morcegos,


Caverna.


O sonho que me foge,


Vazão.


Meus heróis, românticos,


Um brinde.

Líricos Trapos



Alma do Egito,
Gigante tumba que se estende,
Serpentes de luxúria,
Verde indecente.
Arraste-me contigo,
Morto.
Teus farrapos
Me não amordaçam
Teus tesouros
Senão apedrejam.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Fita

O parapeito desbotado

A velha casa,

Ainda mais velha a senhora.

E apanhava

Lírios

Rosas

Sonhos.

O cheiro de café

Sóbrias as margaridas

Triste o desatino

Verde contemplação.

Ó seda macia,

Que cobre à noiva o véu

Ao escriba papel

À rosa buquê.

O Globo



Ponha teus óculos,
Levanta-te daí, sorrateiro,
Segue-me com tua lente,
Queima-me com ela
Teu nome já escrito,
A Pedra que já é pó,
O lago que rui amigo,
Império soberbo, assim enxergas,
Imenso mar de rosas,
Carnosas pétalas,
Teu mundinho banal.

Marcha sob Corpos


E naquele vago instante

O banco vazio

Mais triste semblante

Contempla-te comigo

Praça de demônios

Olha para trás

Não tentes ser meu amigo.

De nada mais valerei

Com tua lágrima sobre mim

Não te preocupes,

Já me calei.


Pensativismo

Cobre-me então de palavras,

Vazias.

Que tão somente teu ego fermentam

E fomentam.

Adornos na porcelana,

Barata.

Pisastes em meus verbos,

Cale-se.

Vale nada o filósofo

Sem teu chapéu encardido.

E o véu,

Que te mascara.

Queima tua barba,

Encara-me de verdade.

Compara-te ao grande,

A mim.