Hoje decidi que me
mataria,
Não da maneira
convencional,
Aquele suicídio do
corpo,
Pois o que destrói a
própria carne
Para mim há muito se
encontra morto.
Mas não eu.
Tenho fome do mundo e
das coisas.
A realidade é que
habito em mim
Mil vezes em um
instante
Somos todos uma multidão
De almas gritantes
abafadas
No âmago do mesmo ser.
Eu-lobo decidi por
matar
Todos fracos que em
mim habitam
Aqueles que buscam em
outrem
A cura para seus
(meus) vazios.
Porém percebi que o
homem mais fraco
O mais desesperado
deles
Não pode ser sufocado
Por ser o
homem-artista que em mim reside
Por que há ele de ser
tão tolo?
É cego pela
sensibilidade que lhe consome.
E minha maldição é
ser habitado
Por um homem
abençoado
Que não posso matar.
O homem que me impede
de ser ordinário
Mas me priva de ser
feliz.