sexta-feira, 31 de julho de 2009

Introdução ao delírio



E no meio da noite,
Apenas o eco de tua voz
Abalava minha mente.
O brilho dos teus olhos
Ofuscava meu pensar.
Seu sorriso,
Fechado.
Sinestesia.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Semente


Tua lágrima, sozinha, inexpressiva,
Sobre teu triste rosto,
E caía, ó denso floco de algodão,
Olhar de mais limpa pena,
Os pombos da fonte.
Cobriam-te com brilhoso manto,
E seguiam...
Tua jornada, não se sabe.
Pelo infinito azul,
Espírito.


Duque

Vento



E os cachecóis,
Sujos, coloridos,
Voavam pelo quarto.
Vermelhos, de sangue.
Negros, de mágoa.
E a estante pingava,
A água morna.
Mãos tocavam
Opaco violão.
Show de sons, cores frias.
Desafino, expressões.
Grito.
E lá fora, a feira.
Sirenes, pulsos.

Cachaça


Bebo para fugir

Aos sonhos ruins.

Tomam meu dia.

Adentram meu peito,

E sangra.

Ao papagaio,

Livre por si só,

Rum.

À cascavel,

E palavras azedas,

Uísque.

A mim,

Cego e vão,

Tiro.


Locke

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sensações



Meu coração não é de ninguém,

Sou um homem da noite.

Vago por aí.

Meus sapatos já sem brilho.

E os felinos cautelosos,

Saúdo o luar.

Colho flores,

Lírios para damas.

Sou das ruas, sou de todos.


Duque

Arremate

Não sentia o amargo,
Do café.
Nem o caramelo,
Da tua boca.
Sentia somente
O não-ser,
Da neve.
Caía-me aos ombros
Gelava-me a face
Combinava-me
Ao dentro,
Rasgado por ti.

Efusão


Ali, pendente para correr,

O mais simples eu

Observava.

Estéril, lábil.

Ignóbeis os seres, ferrenhos,

Invictos.

Friamente me filmavam.

Com suas lentes de carne pura,

Olhares petulantes, irônicos.

O que, ao ver de tantos,

Era frugal,

Assemelhava-se,

À mais intrincada jornada,

Talvez...

Pela minha efemeridade

Por dons,

Que não possuía.

Enquanto homem,

Ali definhava

Mesmo diante da vivacidade

Da mais bela flor,

Que me acompanhava,

E que tocava meus lábios,

E aferrecia...


Giuseppe

Mascote

De olhos vermelhos,
De drogas,
De dor.
Pêlos brancos,
Espalhados na face suja.
Orelhas caídas,
Murchas pelo tempo,
Vestido em farrapos,
Indigente.

Locke

Brinde ao desajuste




Sou bom no que faço,
Humildade,
Pros fracos.
Aprecie assim
Meu bom vinho,
Dezoito anos.
Saúde para o corpo,
Veneno para a mente.

Embarace minhas palavras,
Dificulte meu saber
Apague minha chama
Bloqueie-me de crescer.
Faça-me seu escravo,
Faça tuas gotas ricochete,
Afogue-me,
Falsárias mágoas.
O cálice está vazio,
Torno ao desejo.

Giuseppe, primeiro pseudônimo

Sinestesia


E a fumaça que entremeia seus lábios,

Densa cortina,

Que mascara seu rosto,

Enigma.

Neve

Dedico estes versos amargos
Ao mais branco cadáver
Que repousa em meus frios pés.
Que juntos bebamos vinho
E cantemos dias de glória.
Que tua mão já sem carne,
Não me toque.
Que seus secos olhos,
Não me encarem.
Que suas palavras vazias,
Não me alcancem.

Assemelha-te

Hoje o dia é das andorinhas

E tua face aparecia, certeira,

Projetada nas asas.

De mariposas, tímidas,

Sensatas.

Então, som, ação, foco.

Lágrimas fugiam,

À cauda de atrevida raposa.

Sabor de coentro.

E aquela canção.

Não mais cantam na chuva.

Não mais gritam pela África,

Tampouco saúdam metrópoles.

Apenas são.

Setembro.

Um brinde à humanidade,

Progresso.

Aos sorrisos idosos, câmeras.

Às mãos criminosas, lâminas.

Por que não darmos vingança?

Sentai seus traseiros gordos

Perecei sob o luar.

Luzes armadas ocupam meu céu.

A noite é dos morcegos.

Alameda

E minha inspiração,
Era o vermelho nectarina
Que pulsava em minhas veias
E de certo modo,
Discreto,
Coloria minha face,
Tons purpúreos.
Bloqueavam as expressões
De horror, repulsa, medo.
E por fim,
Escorria,
Pelo anil de minhas roupas,
Através das marcas deixadas por ti.
Meu pescoço já não sente.
Faz da dor, refúgio,
E meus pensamentos
Não mais voam.
Meus olhos fixos,
No retrato já manchado com o tempo
E já não me traz boas lembranças.
O que foi,
Ilusão.

Cachecóis

Meu sangue é mestiço,
Meus cabelos, opacos.
Meu nariz aprecia seu perfume,
Meus olhos,
Te desejam.

Vêem aquarela,
Em atos impensados
Em desgostos perdoados,
Na brancura de sua face.

Me inspira ódio,
Me toma de paixão,
Adorna-me com medo,
Cobre-me de segurança.
Mascara-me com repulsa,
Me derruba em vaidade.

Affair

E seu olhar,

Castanho bélico,

Que me encara assim tão simplesmente,

Me cativa tão somente,

E sem pedir,

Invade meu Eu

E me torna assim tão bobo,

Tão sincero,

Chama ardente.

Tuas madeixas,

Nos ombros com tom de areia,

Areia que flui pelas mãos,

Tal fluidez

De meus sentimentos por ti.

E sua face,

Desconhecida,

Enigmática,

Me leva a falsas lembranças.

E ao delírio.